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Dia Internacional da Mulher: mais da metade das contratações no Turismo em 2022 são de mulheres

O número de mulheres que ocupam cargos no alto escalão do setor precisa aumentar, conforme secretario estadual do Turismo

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Cláudia aparece segurando plantas em meio a uma plantação de fumo
Turismo Rural é alternativa de geração de renda para empreendedoras - Foto: Arquivo pessoal
Por Leonardo Maia/Setur-RS

Mais da metade das admissões de novos empregos no Turismo do Rio Grande do Sul são de mulheres, de acordo com dados de 2022 do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. No total, foram contratadas 60 mil novas profissionais, equivalente a 56,3% de todas as novas vagas de emprego do segmento criadas no ano passado. O levantamento dos dados foi realizado pelo Observatório de Turismo da Setur-RS. 

As empresas relacionadas a serviços de reserva e alojamentos diversos tiveram expressiva quantidade de admissões de mulheres: 80% e 76%, respectivamente. Para a analista em Turismo, Cristina Beleza, integrante do quadro técnico da Setur-RS há 26 anos, trabalhar no setor é uma oportunidade para se aproximar e conhecer pessoas diferentes. “O turismo, em primeira instância, tem relação com a construção de relacionamentos, mexe com o social, transforma vidas”, aponta a servidora. “É brincar com o inesperado, isso é fantástico.” 

Beleza lembra que, apesar de existirem muitas mulheres trabalhando no turismo, há um caminho a ser trilhado para alcançar uma maior igualdade de gênero. “Talvez a superação seja ocupar cargos de altas chefias, atualmente com pouca presença feminina, principalmente na área pública. Esse fortalecimento também vem a partir da abertura de mais concursos públicos, para continuidade das políticas”, argumenta. 

O secretário estadual do Turismo, Vilson Covatti, enfatiza que é fundamental lutar por uma maior paridade de gênero no setor. “Ter mulheres no alto escalão, tanto no setor público como privado, é importante para a criação de políticas públicas mais consistentes e inclusivas. O crescimento da rede hoteleira, com maior parte das admissões de mulheres em 2022, é um indicativo de que precisamos ficar atentos para esse ponto”, enfatiza o gestor. 

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equipe técnica e autoridades perfiladas para foto em frente ao estande da setur
A analista de Turismo Cristina Beleza (de verde) participou de equipe técnica que assessorou o secretário em Lisboa - Foto: Divulgação/Setur-RS

A mulher da roça com grandes sonhos

A empreendedora Claudia Hisrch Wegner (foto principal da matéria), atua com turismo rural na cidade de Sinimbu e conta que achou na área uma forma de ir atrás de seus sonhos. “Por muitas vezes já ouvi que sou louca, que não quero ir para roça ajudar o marido, que sonho alto demais... Isso tudo me faz gostar ainda mais do que eu faço”, relata. “Trabalhar com turismo é muito inovador, ainda mais em um munícipio pequeno e sendo mulher.”

Wegner, que se considera uma “mulher da roça com grandes sonhos”, pretende fazer com que as pessoas que procuram sua empresa resgatem memórias afetivas em forma de sabores e vivências. “A nossa proposta é tirar um pouco as pessoas das cidades e fazer com que elas se movimentem em meio a natureza, com alimentação saudável produzida por nós desde o plantio até a hora de servir à mesa”, narra.

Na propriedade, Cláudia tem plantação de tabaco, feijão, aipim, batata doce, batata inglesa, açafrão, milho e vários tipos de verduras. Além de promover a experiência turística, o empreendimento também participa de feiras e produz alimentos para o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar). “Queremos mostrar que o meio rural tem tudo o suficiente para sermos felizes”, afirma.

A mulher conta que diariamente tem que enfrentar preconceitos e lutar para ser reconhecida. “Sempre tem uma indireta ou uma boca malvada, mas nem por isso desistimos. Às vezes a gente fica desanimado, mas segue o baile", diz. A empresária celebra, contudo, que o cenário é de evolução. “Demos um grande passo aqui no município, pois estamos com um curso de turismo rural em andamento com maioria das participantes mulheres.”

O protagonismo feminino e a necessidade de salários melhores

claudiana aparece com roupa de frio e uma bebida quente em frente a uma churrasqueira
História de Claudiana com o turismo começa na Oktoberfest de Santa Cruz do Sul - Foto: Arquivo pessoal

Claudiana Y Castro, instrutora do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e assessora técnica da Associação de Turismo da Região do Vale do Rio Pardo (Aturvarp), defende que a mulher precisa atuar como protagonista no turismo, especialmente a frente de negócios. Em contato com a área desde a adolescência, com a organização de grupos para a Oktoberfest de Santa Cruz do Sul, ela cita inúmeras questões transversais ao turismo e capazes de ser uma fonte de renda, como a história, a gastronomia e as paisagens naturais.

A instrutora aponta que é necessário que haja uma maior valorização da mão de obra feminina no setor, com salários melhores. Conforme pesquisa publicada na Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo (RBTur), as mulheres que atuam no setor no Brasil recebem 24% menos do que os homens. No que tange às atividades específicas, a desigualdade mais significativa é observada no transporte aéreo, atividade em que as mulheres recebem 46% a menos que os homens.

Segundo os dados apurados em 2021, a diferença salarial entre os gêneros é mais acentuada entre as trabalhadoras acima dos 50 anos e mais branda nas faixas etárias mais jovens. Esse resultado é considerado “alentador” para os pesquisadores, já que pode indicar uma tendência de redução das desigualdades de gênero entre as gerações mais recentes. “Contudo, não há elementos para afirmar se a menor desigualdade salarial entre as pessoas mais jovens é efetivamente devida à geração, ou se revela uma estrutura salarial associada à idade”, consideram.

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